sábado, 2 de abril de 2011

DE CAMISA E SAMBURÁ

Antes, quando passávamos pela orla de Salvador, deparávamos com uma imensidão de barracas, umas até sofisticadas, com bom atendimento, higiene aparente, boa seleção musical, gente bonita e bronzeada; outras precárias, sem nenhuma condição de funcionamento. Entretanto todas elas espalhavam suas mesas e cadeiras tomando um grande espaço na areia da praia.

É óbvio que, aos sábados, e, quando não, aos domingos, lá estava eu, ouvindo uma boa música, sendo bem servida, deitada numa confortável cadeira e logicamente com um sombreiro que envolvia boa área, me protegendo assim do sol ardente da baia de todos os Santos.

Pobre daqueles, que mal tinha o dinheiro para pagar o buzú, nem chegava perto das barracas, timidamente, levava sua toalha, colocava há alguns metros de distancia, com um pequeno isopor, mudando a toalha a todo o momento que a onda ou a bola dos peladeiros, que também usufruíam de boa parte da areia. E, assim, nessa felicidade amassada por dois gigantes das praias, ficava até o entardecer.

Derrubaram as barracas! Mudou o visual da orla. A baia de todos os Santos ficou mais aconchegante, mais leve, mais praia. Somos todos iguais! Carregando sombreiro, isopor, cadeiras, e farofa!” De camisa e samburá a maré tá cheia, mas na areia tem mais peixe que no mar”. Tudo tá tão lindo! Se gasta menos. Diverte-se mais. O mar é de todos. E os barraqueiros? E aqueles que ganhavam o seu pouquinho, servindo nas barracas? Pois é, se veste um santo, e o outro?

Kléo Cerqueira – 4º semestre de Jornalismo

2 comentários:

  1. De fato, a visão que hoje temos da orla marítima de SSA, está bem menos "poluída". Ao desfrutar desse local, em seu carro ou dentro de um ônibus, a paisagem é singular: limpa e paradisíaca!
    No entanto, àquela mordomia de outrora- chegar na praia sem preocupação com nada, bastando apenas ter o dinheiro para pagar a farra, acabou. Hoje, só para sentar na mesa(sem consumir nada) você paga o valor que antes simbolizava o dia inteiro de praia.
    De modo que detestei essa ordem judicial. penso que as barracas que ali estavam deveriam permanecer. Restando apenas, delimitar uma área apropriada para aquelas que iriam ser construídas. Assim, ninguém sairia prejudicado.

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  2. É desconfortável não termos mais a barracas de praias, mas contamos hoje com uma orla mais bonita, sem aquelas barracas parecendo entulhos enfeiando as nossas praias. Fazem falta? Claro que fazem. Alguns dos antigos donos de barracas já encontraram uma saida, construiram belissimos restaurantes na mesma area onde tinham barraca, como o Louro, e A Maquerita. Agora é só uma questão de adaptação dos frequentadores.

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