sábado, 2 de abril de 2011

DE CAMISA E SAMBURÁ

Antes, quando passávamos pela orla de Salvador, deparávamos com uma imensidão de barracas, umas até sofisticadas, com bom atendimento, higiene aparente, boa seleção musical, gente bonita e bronzeada; outras precárias, sem nenhuma condição de funcionamento. Entretanto todas elas espalhavam suas mesas e cadeiras tomando um grande espaço na areia da praia.

É óbvio que, aos sábados, e, quando não, aos domingos, lá estava eu, ouvindo uma boa música, sendo bem servida, deitada numa confortável cadeira e logicamente com um sombreiro que envolvia boa área, me protegendo assim do sol ardente da baia de todos os Santos.

Pobre daqueles, que mal tinha o dinheiro para pagar o buzú, nem chegava perto das barracas, timidamente, levava sua toalha, colocava há alguns metros de distancia, com um pequeno isopor, mudando a toalha a todo o momento que a onda ou a bola dos peladeiros, que também usufruíam de boa parte da areia. E, assim, nessa felicidade amassada por dois gigantes das praias, ficava até o entardecer.

Derrubaram as barracas! Mudou o visual da orla. A baia de todos os Santos ficou mais aconchegante, mais leve, mais praia. Somos todos iguais! Carregando sombreiro, isopor, cadeiras, e farofa!” De camisa e samburá a maré tá cheia, mas na areia tem mais peixe que no mar”. Tudo tá tão lindo! Se gasta menos. Diverte-se mais. O mar é de todos. E os barraqueiros? E aqueles que ganhavam o seu pouquinho, servindo nas barracas? Pois é, se veste um santo, e o outro?

Kléo Cerqueira – 4º semestre de Jornalismo

AMOR INCONDICIONAL

Final da noite desta quarta-feira (16), na Rua Haddock Lobo, na Tijuca, na Zona Norte do Rio de Janeiro, quatro homens armados renderam os funcionários da recepção de um Motel, roubaram o dinheiro que estava no caixa e ainda agrediram uma funcionária. Entre os assaltantes estava um adolescente de 16 anos, exatamente o que aparece nas imagens em atitude de agressão à uma mulher. Segundo a polícia, os criminosos também invadiram alguns quartos e roubaram dinheiro, joias e outros pertences pessoais dos clientes. Em seguida, eles fugiram num carro de uma das vítimas. A polícia confirma ainda que, antes de roubar o motel, os criminosos haviam assaltado um restaurante, também na Tijuca.

Ao ver as imagens exibidas na televisão do circuito interno de segurança do motel, que mostram o momento do crime, a mãe do adolescente reconhece o filho na hora em que ele agride a mulher. Em prantos, sem querer acreditar no que estava vendo, se colocando no lugar da vitima, mas consciente dos seus valores morais decidiu entregar o seu amado filho a policia, convicta de que estava fazendo o certo, garantindo, assim, a correção adequada para o erro cometido.

Isso nos leva a crer que o verdadeiro amor está em saber dizer sim e, não, na mesma proporção quando assim for necessário. A exemplo de um cirurgião, que deixa o doente sofrer as dores de uma operação porque tem a certeza que lhe trará a cura. Assim como uma mãe criteriosa leva seu filho em estado de convalescença ao médico para que ele fique logo bom. Mas, os remédios receitados são sempre amargos, entretanto curam. O amor incondicional dessa mãe, que entrega seu filho entre lágrimas e palavras pronunciadas com muita dor - “Trouxe porque ele errou e tem de pagar pelo erro dele. Claro, que o que ele fez com os outros lá (no motel), eu não queria que acontecesse comigo. Então, trouxe ele. Ele tem família, todo mundo é de bem, então, não aceitei o que fez". Ela afirma que não sabia do envolvimento do filho com o crime. “É difícil demais, demais, demais mesmo”, disse, com muita amargura. Essa mãe ama o seu filho e quer vê-lo no caminho do bem.

Kléo Cerqueira – 4º semestre jornalismo – 25.03.2011(sexta-feira)

TREMOR E SILÊNCIO

Segundo autoridades, esse foi o tremor de maior intensidade já registrado no Japão, nos últimos 140 anos, levando o país a sua pior crise após a Segunda Guerra Mundial. Para completar a catástrofe, gerou ainda uma grave crise nuclear na usina de Fukushima.O representante da Organização Mundial de Saúde na China disse que a propagação radiativa da usina nuclear de Fukushina continua limitada e é provável que não apresente riscos imediatos para a saúde. Mas, sabemos perfeitamente que a situação é caótica, está evoluindo e a população tem que ficar atenta, porque as coisas podem mudar ao decorrer dos dias.

Um terremoto que devastou o nordeste do Japão há uma semana e deixou pelo menos 17 mil vítimas, entre mortos e desaparecidos. Na capital de Sendai, uma das zonas mais devastadas pelo tsunami, funcionários do Governo local se juntaram a população e, num ato simbólico, fizeram um minuto de silencio em homenagem às vítimas.

Disciplinados, os japoneses se contentam com o pouco de alimento que é distribuído. Os seus semblantes parecem inalteráveis. A dor da perda, o silêncio sobre as imagens de uma cidade em lama, onde corpos ainda submersos ao lixo e destroços e olhares perdidos buscam a sobrevivência. A esperança ainda não morreu. A solidariedade nata dos brasileiros que vivem no Japão, se fez presente quando um grupo tomou a iniciativa de levar o primeiro caminhão de doações. Nós, brasileiros, somos indiscutivelmente solidários e drasticamente indisplina-dos.

É óbvio que é quase impossível acontecer no Brasil um terremoto de 9º e um tsunami de mais de dez metros de altura! Mas, se viesse acontecer! Residências, casas comerciais e outros mais que sobrevivessem a catástrofe, seriam saqueados e não haveria respeito as filas! O jeitinho brasileiro prevaleceria! Indiscutivelmente, o nosso amor ao próximo na hora dos vamos ver! Esse, sim, sobressair-se-ia! Porque somos sensíveis, alegres, solidários, criativos. Somos uma mistura de raças de instintos selvagem e humana.

Essa mescla de sentimentos, alegria pelos que sobreviveram; tristeza, angústia, um silêncio que implode dentro da gente diante das imagens. E aqueles 300 homens que trabalham incessantemente na tentativa de reter uma provável explosão de material radiativo do complexo nuclear? Heróis? Penso naqueles que se foram não sei se choro de saudade ou de dor, dos ficaram! As lágrimas correm num silencio de oração.



Kléo Cerqueira – 4º semestre de jornalismo